sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Projetos

Às oito e meia da manhã, depois de pegar o ônibus morrendo de sono e me perguntando se a partir daquele dia eu atenderia ou não as ligações dele, eu parei para pensar em meu projeto de vida. Já tive muitos projetos, desde criança, mas parece que o de agora é pra valer. Na verdade, ele tem que valer, porque não há mais volta, não há como começar outro. Não pra mim.
Eu fiquei imaginando, numa espécie de humor negro, como estaria daqui a alguns anos. Num emprego chato e cansativo, ganhando um salário não muito atraente, convivendo com pessoas superficiais. Talvez eu transe à beça, mas meus relacionamentos não durarão mais que dois meses, pois já vi que não tenho muita paciência pra essas coisas. Continuarei chato e me sentirei frustrado, crendo que não aproveitei minha vida o suficiente. O lado bom é que eu estarei financeiramente independente. Sairei bastante, curtirei muitas noitadas e, antes que a noite termine, estarei muito cansado e me perguntando o que estou fazendo ali. Enfim, é isso que deve acontecer...
Mas eu estou lutando contra a maré. Como já disse aqui, estou tentando viver a vida na medida do possível. E na medida do que eu enxergo. Eu não sou o que era há um ano. Céus, é verdade! Eu mudei tanto, tanto! Se há um ano, eu fosse para o futuro, para hoje, não me reconheceria. E isso é bom. Talvez daqui a alguns anos eu mude mais e veja as coisas de outra forma. Hoje, no estágio, depois de ouvir em detalhes a “histericona” falar de suas estúpidas férias, eu tive a oportunidade de fazer algo. Pequeno, mas é algo. Bem, eu acho... Ah, esquece. Vá ler outro blog.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O primeiro, o segundo e a norma

Um é bom demais. O outro é de menos. Na verdade, não sei. Não posso colocar as coisas assim, de maneira simétrica, como se elas fossem totalmente opostas. Cada um tem suas qualidades e seus defeitos. Depende do ângulo.
A questão é que o primeiro está financeira, psicológica e culturalmente muito à frente de mim. O segundo não liga muito pra algumas coisas. Mas não é só isso. Talvez eu tenda mais para o segundo porque sei, embora não admita, que prefiro me sentir “por cima”. Eu não gosto de me sentir “por baixo”, e sei que, com o primeiro, isso irá acontecer.
Uma pessoa se irritou comigo. Disse que eu reclamo demais, que me preocupo demais. Sobre essa questão, disse que eu deveria “deixar levar”, que eu estava me precipitando, que não teria como já me decidir. Ele está certo, mas eu sou assim e não consigo ir contra mim mesmo. Enquanto todos dançavam e procuravam por uma companhia fútil e sexual, eu fiquei ali, sentado, frustrado, me perguntando por que tanta coisa me acontecia, por que eu via tudo tão complicado, por que eu não conseguia ser sincero com as pessoas e comigo mesmo, por que aquele lugar, que deveria ser o exemplo de respeito pelo próximo, era um antro de preconceito, recheado de gente estúpida que passa a noite desfilando com suas blusas superestampadas. E por que eu me sentia tão merda?

Eu penso demais em mim mesmo.

Sim, eu penso demais em mim. E a coisa piora quando observo os outros. Digo que essas pessoas são estúpidas, mas não consigo deixar de me espelhar nelas e ver que não estou dentro do padrão. Por mais que eu entenda que a norma existe justamente para ser transgredida, por mais que eu acredite que devamos ser críticos em relação a ela, eu sofro por estar, de certa forma, fora dela. Eu fico feliz por ver coisas que outras pessoas, por estarem dentro da norma, não vêem, mas também sofro por isso. Como diz Foucault, a liberdade é algo muito sofrido, muito árduo, pois ser livre significa viver de maneira única, inovadora, todos os dias. Mas só porque falo de liberdade não significa que eu me sinta livre.

Eu sou um imbecil porque acho que sei de alguma coisa.

Não posso ficar me enganando. Não posso fingir, esconder meus pensamentos de mim mesmo. Eu não consigo parar de pensar no primeiro e no segundo. E também no terceiro.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Segredos

“Sei que há um segredo em sua vida.”

Ela disse no último dia. Quando não sabemos a verdade, nós a procuramos, investigamos, perguntamos. Quando a encontramos, não fazemos nada. E apesar de eu querer contar – e não conseguir –, eu sabia, eu sentia, que ela já encontrara a verdade, pois não a procurava mais, não perguntava mais por ela. A ‘terrível’ verdade está diante de nossos olhos, mas fingimos que não a vemos, fingimos que ela não existe. E assim vamos vivendo nossas vidas.

Ela me amará independente de qualquer coisa. Mas será que entenderá? Será que respeitará minha escolha?

Eu escolhi não acreditar, eu escolhi ser feliz.

A culpa, claro, é minha. Contar seria um alívio e também uma tragédia. Eu tenho medo. Acho que eu é que sou o problema.
Numa noite, eu tive vontade de acabar com tudo isso. Ir até o quarto dela e falar. Mas eu não consegui...

Há tanta coisa que você não sabe... e nunca saberá. Você disse que viu meu ódio. Não, você só viu a superfície... Mas eu te amo, eu te amo tanto...

Estou com saudade de casa.

É isso aí, pessoal, estamos de volta. Isso aqui não foi fogo de palha. Que 2010 seja tão bom ou melhor que 2009.

P.S.: esse blogspot é um cu!