quinta-feira, 28 de julho de 2011

Eu segundo os outros

Parei para pensar no que os outros pensam de mim, o que acham que sou. Suspeito que eles procurem fixar-me em alguma personalidade, que não percebem que isso é impossível devido à minha complicada multiplicidade. Talvez não tenham como ver isso. Mas alguns vêem.
Para os outros, sou muitas pessoas. Depende de cada outro. Depende da hierarquia. Com alguns sou dominador, com outros sou dominado. Posso parecer inteligente para alguns, esforçado para outros e um completo idiota para outros. E para outros não sou nada. Uma coisa sei que sou, embora alguns não acreditem: humilde. Sim, humilde o bastante para reconhecer até onde posso ir.

Ela percebeu que eu estava desligado e desmotivado de tudo. É verdade, mas não estava me sentindo assim naquele momento. Estava me sentindo inseguro pela presença dela. Uma hora depois, não estava sendo seco ou arrogante, como devo ter parecido, estava tenso, e como sempre, em situações como aquela, fico sério e em silêncio (às vezes ocorre o contrário: rio histericamente), sem conseguir expressar minha tensão de forma adequada. Acabo sendo bruto. Eu não canalizo bem as coisas.

Quero engolir tudo e todos, mas às vezes pareço blasé demais. Em outras horas, rastejo-me aos pés alheios, e talvez esteja querendo a distância desses pés, ainda não sei bem.
A verdade disso tudo é que ninguém, nem mesmo os mais próximos, conhecem-me de fato. Nem eu me conheço, só sei de alguns traços e defeitos. Conheço-me através da minha dificuldade em me conhecer.
Mas se o que sou varia conforme os outros, então não sou nada. Ou melhor, eu sou os outros, o encaixe dos outros, algo que sempre procura formar um binarismo dicotômico.

Eu sou um puritano libertino, não tem jeito.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Basta


Confissões noturnas perto do meu ouvido. Deixo-me atrair, mais do que já estou. Agora não consigo parar de pensar nisso. E em você. Parece que está brincando comigo. Você tem medo. Eu mais ainda. Não posso ficar assim, não mais. É preciso se atrever mais.

Quem está à minha volta pensa que sou uma pedra, que não sinto mais nada. Mas há um turbilhão em mim.

Feliz dia do amigo.

Vou explodir, sei que vou.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Prenúncio


Olhei para a foto daquela banda, com aquela casa branca e simples. Uma vitrine. Seria uma vida simples, pensei, mas gostosa. Acorda, se arruma e desce para a lojinha. Uma vida aconchegante, sem nada a esperar.
Se tivesse a chance de escolher essa vida, de trocá-la pela minha, talvez o fizesse. Se aparecesse alguém, me estendesse a mão e dissesse “é agora ou nunca, não tem volta”, talvez aceitasse. Há tantas coisas inacabadas em minha vida que não sei se tem conserto. Muitos sonhos e tenho que me esforçar tanto por eles, ainda há tanta coisa a fazer por eles... Estou cansado. A única força que há em mim no momento é da fraqueza que me possui. Não consigo sair daqui. Fui tão longe e agora estou parando, como se estivesse envelhecendo rápido e morrendo devagar.

“But it was not your fault but mine… and it was your heart on the line… I really fucked it up this time… didn’t I, my dear?” “Little Lion Man”, Mumford & Sons.

Mas parece que o silêncio é o prenúncio de uma terrível tempestade.
Que a tempestade então venha. E que destrua tudo.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

O mundo e eu


Hoje tive uma curiosa e libertadora descoberta. Ainda não está clara, mas parece-me libertadora: O mundo não precisa de mim, o mundo não me quer. Posso viver em paz.
Não é um adeus à vida, não é a morte. É um novo modo de viver essa vida. Um modo mais tranqüilo, recatado, onde posso guardar minhas coisas pra mim, sem abusar de nada. Posso agora ficar calado e internamente rir da estupidez do mundo. Esse mundo é burro, muito burro. Ele não precisa de mim, nem eu dele.