sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Minuto de tormenta

“I’ve got everything to lose...” “Everything to lose”, Dido.

Seguir pelo mundo, sem raiz, sem peso, sem compromisso. Não dá. Há coisas para terminar. Há uma vida para seguir. Queremos nos soltar, nos desprender de tudo. Quem tem coragem de dar o passo? Quem tem coragem de perder-se? Quem quer de fato viver? Quem quer colocar tudo a perder?
Hoje penso assim, amanhã preferirei a calmaria. Não quero saber, só sei que agora quero quebrar tudo. Mandar tudo pro inferno. O mundo é grande demais e não posso ficar aqui, parado, vendo tudo rodar. As coisas rodam de um modo esquizofrênico, não consigo acompanhar. Por isso não posso pensar duas vezes. Mas tenho medo. Vou morrer com medo. E me arrepender por toda a eternidade, se é que ela existe.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tempo e acaso

Disse a mim mesmo: quando você menos esperava que acontecesse, aconteceu. E então retruco, também para mim mesmo: Mas você nem sabe o que aconteceu.
Verdade. Não sei. Só sei que, de início, atrapalhei-me com os olhos e os gestos. É algo que sempre acontece. Mas minha cara-de-pau quase nunca não falha. Vejo que você espera demais, cria demais, idealiza demais e eu posso não corresponder às suas expectativas. E nem pretendo.
Disse a você que tudo acontece ao acaso, mas isso não é motivo para arrancar os cabelos. Você diz que também pensa assim, mas não age assim. O acaso não parece ser sua filosofia de vida. Você está com medo de terminar assim, sozinho, está desesperado. Não pense isso do acaso, ele está ao nosso favor. Quando menos esperarmos, acontece. Mesmo que não saibamos o que de fato aconteceu.
Eu posso não estar aqui amanhã com você. Se estiver, só o tempo irá dizer. E só o tempo irá permitir. Não procurarei por isso, não farei por onde. Se tiver que ser nós dois, seremos. Tempo e acaso. Sempre ao nosso favor.
Achei estranho e bom ter agido assim, assertivamente. Ter colocado os pingos nos i’s, deixar dito, e bem dito, o que eu pretendia; ou melhor, o que não pretendia. Nesse dia concluí que precisamos aprender errando, não há outro modo. Precisamos machucar algumas pessoas para aprender. E precisamos ser machucados também.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Desafio e arte para um amigo

O blog é um espaço ideal para canalização de idéias, pensamentos, conflitos e reflexões. Representa uma tentativa, muitas vezes frustrada, de tentar transformar aquilo que está em nós, nos constitui ou nos afeta - em um termo, a 'coisa' - em palavra. Mas, como diz Clarice Lispector, tentar transformar a coisa em palavra diminui a coisa. Escrever sobre si é, portanto, um desafio e uma arte. Boa sorte e seja bem-vindo!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Indizível


O portão se fechou e olhei para a rua. Madrugada. Ainda não conseguia colocar em palavras, de modo ordenado, o que acontecera aquela noite. As palavras, os sinais, as entrelinhas. Você mostrou suas intenções e me colocou no devido lugar. Mostrou o que realmente queria. Sinto uma mistura de raiva com não sei mais o quê.

Não sei jogar, não sei. Não tenho essa confiança, essa ginga toda. Não sei usar os olhos, muito menos as palavras. E tudo já começou errado. Eu sou um erro para você.

Há coisas que são difíceis de serem traduzidas em palavras, por isso apenas sinto. Tentar tornar o indizível dizível é como diminuir, empobrecer a coisa, entende? Alguém me entende?
É por isso que desisto de falar sobre isso. Apenas sinto. Deixo apenas doer. É sempre assim. Quando não há nada a dizer, é porque algo está errado. E eu não tenho nada, absolutamente nada, para dizer agora.