Saio de
casa à procura de ilusões
Coincidências
e confirmações
Alguém
com seu nome, algo, uma lembrança
Algumas
palavras, aquelas canções
O mundo
assim parece tão pequeno
Eu
continuo tendo visões
Depois
que nos encontramos
Eu
esqueço todo o tempo
Que
fiquei sem te ver
Fora o
tanto que eu me perco
Fora
tudo o mais que eu penso
Eu só
penso em você
“Eu só
em penso em você”, Kid Abelha.
Eu
tentei, mas não percebi que a tentativa em si já era um erro. Só me dei conta
disso quando era tarde e eu já estava longe.
Tomei
banho, vesti-me, coloquei os melhores sapatos e saí. Saí para tentar salvar
essa semana de merda e, enquanto isso, o centro do Rio padecia, fervia,
enlouquecia com as militâncias desvairadas. Protestos em todas as ruas
principais, uma loucura só. Um tanque de guerra feito de pastéis atravessava a
Avenida Rio Branco. Deus...
Passei
por toda aquela loucura, a chuva leve, porém imperdoável. Tentando chegar
àquele lugar, isolado do mundo. Talvez isolado de algum bom senso, também.
O
trânsito também estava impossível. Até que, muito irritado, dei-me conta da
minha infantilidade. Estava procurando algo que não encontraria, eu sabia
disso. Estava fantasiando que tudo aconteceria novamente ao acaso, mas que
dessa vez daria certo.
Na
verdade, venho agindo assim, esperando que as coisas conspirem novamente a
nosso favor, mas que dessa vez seja com uma boa roupa, um bom lugar, uma boa
conversa, uma boa bebida. Sem erros, sem medos, sem ilusões. Mas isso já é uma
ilusão. Tudo era uma desculpa, um motivo manifesto, aparente; eu estava
percorrendo as ruas insanas do Rio esperando encontrar você. Pura loucura. E
então volto para casa.
Fico em
casa
À espera
de nada
Nenhuma
visita
Nenhuma
chamada
Ninguém
com seu nome
Nem sua
afeição
Nenhuma
esperança
Nenhuma
canção
O mundo
assim parece tão imenso
Eu
continuo vivendo em vão
Depois
que nos encontramos
Eu
esqueço todo o tempo
Que
fiquei sem te ver
Fora o
tanto que eu me perco
Fora
tudo o mais que eu penso
Eu só
penso em você
E não consigo parar.