Recebi
você de coração, de mãos abertas. Ofereci o que havia de melhor, mas depois de
um tempo percebi que nossa relação se deturpou, se desvirtuou.
Não sei
exatamente como aconteceu, mas parece-me que você pensou ter encontrado algo em
mim que lhe dava o direito de me pisar, de me tratar como uma criança estúpida.
Não são
apenas divergências teóricas. Herdadas de seus professores, suas frases prontas
são a prova de sua ignorância e ingenuidade, e elas não me afetam tanto porque sei
que o mundo é isso. Sua prepotência, seguida de uma incapacidade de ouvir, de
um hábito de ofender para defender e a falta de empatia muito me irritaram.
Mas não
escrevo para você, escrevo para mim mesmo, para refletir sobre meu hábito de
acreditar que todos são bons ou que podem ser. Não, algumas pessoas de fato são
más e você é uma delas. Escrevo para dizer o que não foi dito; de um modo ou de
outro, isso precisava sair. Escrevo para que fique claro para mim mesmo que tudo
isso que aconteceu não trata apenas da dificuldade de lidar com certas pessoas,
mas sim da dificuldade de aceitar que certas pessoas me vejam de certo modo,
que me vejam como algo que não sou. E refletir sobre isso é necessário e bom.
Amizade
genuína é aquela em que os amigos não nos tratam bem nem mal; eles apenas sabem
quem somos.