quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ano novo tardio

“Quando eu sair pra nunca mais voltar
Vou te escrever, telefonar
Para contar tudo que eu vi, fotografei
E não mostrei”
“Quando eu achar”, Tulipa Ruiz.

Eu não esperava que, nos últimos dias de 2012, não haveria ânimo algum de pensar em alguma lista de promessas para o ano que chegava. Havia metas, objetivos, sonhos, mas ao mesmo tempo não havia. Não se trata de frustração, mas talvez de uma clara consciência de que não cumprirei promessa alguma. Ou antes, há um entendimento de que algumas coisas poderão se dar, mas só se darão quando houver vontade de fato, e algo precisará acontecer para que essa vontade brote. Parece-me que, em geral, o que gera a vontade para coisas boas e produtivas é a sensação da falta. Uma falta para além do vazio, uma falta que faz doer, capaz de matar, simbolicamente falando. E que depois dessa morte algo de novo apareça. E de novo.
Mas ainda prevalece o “eu tenho que...”. E de fato eu tenho. Tenho que escrever esse texto, pois as palavras podem servir de estímulo, podem me fazer andar. Andar e escrever. E pensar, e agir. Ou talvez não pensar e apenas agir. Afinal, o problema tem sido justamente pensar demais.

“Paro para procurar
Para me preparar
Para nunca parar”

É preciso sofrer certas quedas para que se aprenda a voar. É preciso que haja decepção, para que venham novas expectativas. É preciso odiar quando há amor demais. Ou melhor: é preciso ser indiferente. É preciso existir na indiferença.

Sim, eu amei intensamente em 2012.