quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Turbilhão II

Erro as palavras. Não sei usá-las, nem escolher as certas. Descrevo o que sinto de modo inadequado, pouco coerente, enganoso e nem um pouco poético. Talvez nem seja possível descrever. Mas é fato que escrevo mal. Eu também falo mal.

A primeira reunião não foi nada agradável. Uma bofetada logo de início. Mais trabalho, mais sacrifício. Menos dinheiro. Poderia falar, mas fui um idiota. Eu poderia ter sido convincente, sério, maduro. Não consigo lidar com certas pessoas. Pensei que agora seria adulto, que entrar nessa nova fase seria uma prova de que, sim, agora sou um adulto, veja. Mas às vezes comporto-me de modo tão infantil que se pudesse bateria em mim mesmo, sem dó.
Parece que há algo que quer me punir, não sei, impedir-me de crescer.

“Não fique se lamentando pelo que você poderia ter dito e não dito. Pense apenas em fazer melhor da próxima vez.”

Mas a coisa é mais complicada. Há algo muito fundamental nisso, algo muito estrutural. Em certos momentos, estou atuando. Não fingindo, mas sim repetindo coisas dos primeiros anos. É sempre o problema das figuras de autoridade. Eu perco a noção das coisas. Muito. Mas alguns medos são vencidos. Para dizer a verdade, não sei.

Mensagens na madrugada. O telefone é meu inimigo. Mas as mensagens são lindas. Nada como a noite e o álcool para fazerem as pessoas confessarem que amam. E eu não consigo pronunciar bem a palavra amor.

“Sou grato a você por me permitir viver isso contigo. Não senti por ninguém o que sinto por você. (...) Mas ainda preciso aprender a manejar essa coisa tão delicada chamada amor.”

Meu coração diz algo, embora eu não saiba o quê. Não consigo entender. Ele diz com certo sufoco algumas palavras difíceis, mal pronunciadas. Parece que está tentando dizer que preciso sair, me aproximar mais, me deixar levar. Por outro lado, sente-se confortável demais para isso.

Estou tão cansado... De tudo...

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