sexta-feira, 7 de maio de 2010

Blasé


Eles lêem Freud e Dostoiévski, ouvem Chopin, adoram falar sobre as transformações sócio-históricas promovidas pelo capitalismo, e adoram postar, no Twitter, mensagens filosóficas ou enigmáticas que só seus iguais podem entender. São longas e profundas conversas fora da sala de aula, com direito a rir dos “ignorantes”.
Eles são blasé. São indiferentes a tudo e a todos. Aliás, não são indiferentes àquilo que remete à sabedoria, à intelectualidade, ou simplesmente àquilo que os torne mais “destacáveis”. E mais arrogantes. Ser mais inteligente ou intelectual não significa ser mais arrogante. Mas há algo que liga as duas coisas. Refiro-me a algumas pessoas.
Só falta eles chegarem à faculdade com um charuto na boca fazendo análise de tudo que vêem à frente, inclusive das paredes. Mas não é isso que os torna tão arrogantes. Os universitários metidos a psicanalistas intelectuais são arrogantes à medida que ignoram ou destratam as pessoas que não são intelectuais como eles, que não têm muito a oferecer a eles, ou até que não se vistam como eles.
É a atitude blasé dessa gentalha que tanto me irrita. É a falsidade do sorriso e do bom trato ou até a ausência de falsidade com um franco e evidente despeito. Uma atitude fria, estúpida. Qual é o problema em tratar todos como iguais?
Eles são blasé; mas essa palavra, na verdade, é um eufemismo para escrotos.

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