sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Esboço de uma auto-análise IV

Foram dias muito difíceis. Adoeci a ponto de quase não poder andar. Minha pele queimou e a marca ficou.
Diante dessa agonia, usei as ferramentas em mim mesmo para tentar entender o que se passava. Não é apenas stress. Depois de muito associar, lembrei-me, espantado, que essa não fora a primeira vez. Esse sintoma bizarro, aparentemente inofensivo e quase incapacitante, manifestou-se em diferentes épocas de minha vida. Diferentes, porém semelhantes. Foram épocas em que estava esperançoso, feliz, exitoso. Épocas em que eu estava na iminência de conseguir algo ou que já havia conseguido. Poderia ser minha mãe, poderia ser um emprego, um curso. Poderia ser qualquer coisa. Sempre tive a sensação de que algo me punia por ser feliz e agora vejo que era eu mesmo.
Foi algo que fiz de errado no passado? Ou algo que fizeram de errado comigo? Quando tudo está indo tão bem, adoeço... Os sintomas são sempre os mesmos. Mas é a dor do silêncio, também. Meu corpo fala quando as palavras não vêm.
Mas há algo mais forte, mais terrível que o silêncio. Sei que meus pais têm alguma relação com isso. E então, alguns dias depois da cura temporária, percebo algo na relação com meu pai. Não podemos ficar bem, não podemos. Às vezes eu preciso odiar, mas não necessariamente ele. Na rua, fugindo, parado de frente àquela árvore... que vontade de dar um soco nessa árvore... com toda minha vontade. Mesmo sabendo que sangraria, que poderia quebrar a mão, eu queria, eu precisava, eu merecia. Mas continuei a caminhada.
Se é meu ódio que me pune, não sei. Só sei que estou para adoecer outra vez. Estou na berlinda, sinto isso.

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