quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O Rio

De mãos dadas em Salvador, em nome de Salvador. A cidade é outra, a história é outra. Os tambores batem e eu não posso parar, não quero parar.

Os santos olham para nós. Os deuses que foram esquecidos e odiados, mas que têm muito a nos dizer. O sol se põe, a luz empalidece. Todos os santos são meus.

Artes, livros e fotografias. Prepare alguma coisa para mim, tenho fome. Uma farofa carregada será sempre bem vinda. Meus pés estão cansados. Água quente e massagem. Bethânia nos acompanha. Cuide de mim, abrace-me, cativa-me, sou tua raposa, tua contradição. Teu cheiro ficou e agora não sai mais. Cheiro, ciúmes, sorrisos, confissões, desejo, tesão. Tanta coisa em poucos dias que não aguento.

Eu poderia dizer tanto e tudo, mas tu me paralisaste, convencendo-me mais uma vez que estamos ligados por algo que não tem nome, embora insistam em nomear. Nomear é diminuir e isso que temos é tão grande que talvez não mereça nome algum.

“Meu Rio.” O que te traz aqui? Dois lugares, duas pessoas, um amor. Eu sou teu Rio e tu és meu Salvador.

Vida, ah minha vida...
Olha o que é que eu fiz
Deixei a fatia mais doce da vida
Na mesa dos homens de vida vazia
Mas vida, ninguém sabe, eu fui feliz
“Vida”, Maria Bethânia.

4 comentários:

  1. "Vem,
    Eu vou pousar a mão no teu quadril
    Multiplicar-te os pés por muitos mil
    Fita o céu,
    Roda:
    A dor
    Define nossa vida toda
    Mas estes passos lançam moda
    E dirão ao mundo por onde ir.
    Às vezes tu te voltas para mim
    Na dança, sem te dares conta enfim
    Que também
    Amas
    Mas, ah!
    Somos apenas dois mulatos
    Fazendo poses nos retratos
    Que a luz da vida imprimiu de nós.

    Se desbotássemos, outros revelar-nos-íamos no Carnaval.
    Roubemo-nos ao deus Tempo e nos demos de graça à beleza total, vem.

    Nós,
    Cartão Postal com touros em Madri,
    O Corcovado e o Redentor daqui,
    Salvador,
    Roma
    Amor,
    Onde quer que estejamos juntos
    Multiplicar-se-ão assuntos de mãos e pés
    E desvãos do ser."

    Sirvo-me de Caetano Veloso para responder. Uma beleza!

    Axé!

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