quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Vomitado

Eu voltei... nem acredito. Achei que isso era fogo de palha. Bem, vamos ver o quanto isso vai durar. Espero que dure bastante, pois estou cansado de começar coisas e não terminá-las. É frustrante.
A primeira impressão é a que fica. Talvez você tenha me achado arrogante e “reclamão”, eu sei. Acho que sou um pouco dos dois. Mas tentei fazer uso da associação livre, o bom e velho método psicanalítico, no qual tudo que vier à cabeça deve ser dito. Sem censuras, sem medos. É nesse vomitado que está a resposta. Vomitado do inconsciente. E se meu inconsciente é arrogante e “reclamão”, o que eu posso fazer?
Até que sou uma pessoa divertida, juro. Algumas pessoas dizem isso. A verdade é que não sei me definir, não sei se sou simpático ou antipático, por exemplo. Eu sou os dois? Depende do lugar, da pessoa, de mim. De mim? O que é “mim”?
Durante muito tempo eu tentei uniformizar meu eu, seja lá o que isso significa, nem eu sei ao certo. Eu achava que ser autêntico é ser uma só pessoa em qualquer lugar, em qualquer ocasião, com qualquer pessoa. Uma pessoa que é sempre simpática é autêntica, assim como uma pessoa que é sempre antipática. Contudo, eu fui aprendendo que ser mais de uma pessoa é uma vantagem. Uma vantagem social. E de tanto quebrar a cara e me surpreender com as pessoas, aprendi que a falsidade, ou a dissimulação, é uma virtude. Oh, sim, é uma virtude. Digo virtude considerando o significado original dessa palavra. Você consegue ficar em qualquer lugar, em qualquer ocasião, com qualquer pessoa. Sendo dissimulado, você se dá bem em tudo. Se você é um dissimulado, meus parabéns, eu te invejo. Minha doente criação cristã não permitiu que eu fosse um dissimulado. Mas, se você não é um dissimulado, tenha cuidado. Você pode estar rodeado deles.
Os dissimulados têm um ponto fraco. Não está presente em todos, mas alguns deixam em evidência. Em alguns é gritante. Meu professor de teatro quase me bateu quando disse isso. Colocou a turma contra mim. Mas sei que estou certo. Se não estiver, é o que minha pequena experiência de vida me ensinou.

Pessoas educadas demais são dissimuladas.

Não tem lógica um dissimulado ser grosseiro ou arrogante. Ele precisa ser educado para conquistar as pessoas. Esse, afinal, é o seu objetivo. Mas é difícil mentir. Paul Ekman, um psicólogo americano especialista em detectar mentira nas expressões faciais, diz que, se um sujeito estiver mentindo, de alguma forma seu corpo denunciará a mentira. Parece que a neurociência confirma isso ao defender que o cérebro humano tem mais facilidade em dizer a verdade do que mentir (Suzana Herculano-Houzel, minha ex-professora, a quem gosto de chamar de “celebridade acadêmica”, escreveu sobre isso em um de seus livros).
Nossa, todo esse discurso pseudo-intelectual pra defender um ponto de vista!
Um indício de mentira é quando a pessoa exagera num determinado comportamento, quando ri demais ou alto demais, quando faz caretas ao falar, coisas assim. Exageros. O exagero é o ponto fraco da dissimulação. E é com as pessoas exageradas, simpáticas demais, educadas demais, sorridentes demais, doces demais, que devemos tomar cuidado.
Não quero dizer que devemos ser grosseiros, mal-educados, ou coisas do tipo. Não estou criticando os dissimulados. Como disse, a dissimulação é uma virtude.

Não disse que eu era divertido? Ah, diga que sou... diga, vai... (estou sorrindo de uma orelha a outra, exercitando minha crua dissimulação).

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