sexta-feira, 5 de março de 2010

As pessoas da sala de jantar


“Essas pessoas da sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer.” “Panis et Circenses”, Caetano Veloso e Gilberto Gil.  Certas pessoas são uma representação bem próxima das ‘pessoas da sala de jantar’. Elas estão ocupadas demais em nascer e morrer. Elas são batalhadoras, sim, e como. Pensando bem, não são tão batalhadoras assim. Elas batalharam tanto para terminarem acomodadas. Elas não se satisfazem apenas com pão e entretenimento, como as ‘pessoas da sala de jantar’; elas se satisfazem com muito pão e muito entretenimento. Chega a ser nojento. O presente é o que importa. Elas simplesmente nasceram, estão comendo (e muito!) e morrendo. Morrer, aliás, é um trabalho que toma bastante tempo deles. Eles estão se matando, lentamente. Eu vejo a morte com clareza em um deles e sinto pena. Não posso fazer nada porque eles são arrogantes e burros demais. Eles não vêem que suas vidas são um total erro e não poupam saliva para falar da vida alheia. Eles se acham muito espertos, vivem alimentando seu auto-engano, dia após dia. Mas viver de maneira estúpida tem seu lado bom. Às vezes é melhor não pensar muito, porque quando pensamos muito, vemos o quanto as pessoas são idiotas, vemos que tudo é “cansável” e que nada se mantém, tudo se perde. Não existe nenhuma verdade para se apoiar. Mas também acho desesperador viver como eles. Eu não agüentaria. Mas não quero ser ingrato. Eu devo muito a essas ‘pessoas da sala de jantar’, não só por pão e entretenimento. Usando uma linguagem psicológica: a observação de um comportamento é uma das melhores formas de aprendizagem desse comportamento. Mas foi justamente observando eles foi que eu aprendi a não ser como eles.

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