quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Por que não aceitamos que temos preconceito?

O preconceito é algo que constitui o ser social. Nós temos ‘pré-conceito’ das coisas a todo momento. É algo que nos ajuda a formar nossas crenças, além de orientar nossas atitudes e comportamentos. Parece uma defesa ou uma ‘falha’ da natureza humana. Um mundo sem preconceitos é uma utopia.
Contudo, o preconceito pode se tornar uma arma, um perigo. Quando é ensinado, cultivado dentro de uma cultura e não racionalizado, ele se torna a base das estigmatizações, das discriminações e perseguições a minorias. O preconceito, muitas vezes, está dentro do Estado, das leis, dentro do coração das pessoas. Está tão enraizado em alguns, ele é tão profundo em algumas pessoas, que estas não conseguem ver o seu preconceito.
Talvez sejam esses os motivos das pessoas não reconhecerem que são preconceituosas: primeiro, pela reprovação social que o preconceito recebe; segundo, pelo fato dele estar tão preso à nossa constituição como pessoas. Um exemplo de preconceito – que não é encarado como tal – é a postura que assumimos diante dos LGBT’s (lésbicas, gays, bissexuais e travestis). Agregamos uma série de conceitos, idéias e valores em torno dessa minoria, tomando-as como verdades absolutas. Todos eles – ou, num preconceito mais sutil, a maioria – são soropositivos, pervertidos, tarados, vulgares etc. Fazemos piadas de gays, rimos dos gays, apontamos para os gays na rua e agimos naturalmente, não reconhecendo nossa postura preconceituosa.
Não percebemos que somos orientados por normas que nunca questionamos, normas que reproduzimos a todo instante; agimos de acordo com regras que são quase invisíveis, que estão acima de nós; regras que permitem e estimulam essa prática repressiva e opressora contra essa minoria. Talvez esse seja mais um motivo de não aceitarmos que temos preconceito: as normas justificam, incitam o preconceito.
Enfim, não aceitamos que temos preconceito porque julgamos que nosso modo de ver o mundo é o único correto, real e verdadeiro, que nossas crenças são absolutas e que, como tal, devem ser compartilhadas por todos à nossa volta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário