domingo, 20 de junho de 2010

Ainda sou jovem


Muita alergia. Poucas horas de sono. A expectativa foi grande. A ansiedade também. O medo nem se fala. Insegurança. Mas é aquela insegurança profunda, é algo como “o que estou fazendo aqui?”. Tantos imprevistos que parece que as coisas conspiram para dar errado. Mas aprendi a usar o imprevisto a meu favor. O imprevisto se tornou previsto. Mas o que eu não esperava era ver algumas pessoas saindo da sala no meio da apresentação. Será o tempo apertado? Ou será esse tema polêmico?
“Vá se acostumando”, ela disse. Acostumar-me? Mas nem sei se é isso que quero. Estou tomando outro caminho, quase sem querer. Um caminho não esperado, tenso, inseguro, que não me é prático, e eu tenho mania de prática. Talvez as duas escolhas sejam um erro. Ouvindo tanta gente falar, aqui, eu fico perdido e entediado. Às vezes não entendo o que essa gente fala. Dois mais dois é igual a quatro, e pronto.
“Pare de ficar deprê, você é velho.” Não estou deprê, estou bem, só estou aqui, no meu canto, você é que está me irritando com essa sua tentativa de parecer algo que não é. Você não sabe o que é a noite. Pare de falar por alguns minutos, por favor. “Freud explica”? Gosto de você, mas agora quero que você e Freud se encaminhem para a puta que pariu.
Talvez a preferência por uma aparente praticidade e pelo supostamente certo e imediato retorno financeiro venha de uma cultura familiar, de certo modo de criação. Junto a essa preferência, está a idéia de que minha vida é curta demais para trilhar mais de um caminho e que escolher o trajeto errado é, portanto, um tempo perdido ou, mais do que isso, uma vida perdida. Contudo, num insight, me deparo com o fato, a evidência, de que ainda sou jovem, ainda tenho muito que viver e, portanto, tenho tempo e direito de trilhar caminhos errados.
Sim, por mais velho que às vezes possa parecer, eu sou jovem. E me sentindo jovem, torna-se mais leve o fardo do erro.

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