sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Permanecendo II


Hoje desejei como nunca jogar seu presente fora. Nunca teve muita utilidade, mas sabia que isso não faria diferença alguma, eu não esqueceria. Significaria apenas um ato simbólico, que mascararia a realidade, colocaria um véu sobre aquilo que não se deu.

“Um amor assim delicado
Você pega e despreza
Não devia ter despertado
Ajoelha e não reza”
“Queixa”, Caetano Veloso.

Desculpe, estou triste e entediado, sem vontade para nada. Como é possível não querer mais ver quem você mais quer ver? Aquela foto me deixou tão chateado. Você não precisa de mim, nunca precisou. Mas eu preciso imensamente de você.
Será que você conta as mesmas histórias para ele? Será que se faz de tímido para conseguir o que quer? Com certeza ele é bem melhor do que eu; caso contrário, a história não seria essa. Eu não estaria aqui, imóvel, observando e retorcendo a ferida.

“Baby, you're where dreams go to die
I regret the day your lovely carcass caught my eye
Baby, you're where dreams go to die
I've gotta to get away
I don't want to
But I have to try, oh baby”
“Where Dreams Go To Die”, John Grant.

Já sei o que o mundo tem a dizer a respeito. Você precisa se valorizar mais, blá blá blá. Todavia, mesmo cobrindo-me de ouro, ficará sempre aquela tristeza de um carinho não correspondido, ficará sempre aquela pergunta, “onde foi que errei?”. Permanecerá o prazer não realizado, a vontade abandonada, alguma coisa que nem existiu e já foi rejeitada, talvez por algo melhor.
Quero acabar com isso, quero acabar com tudo. E não quero parecer vulgar. Por isso fico aqui, em silêncio, tentando não incomodar, não querendo ver, mas vendo, e pensando em respirar outros ares, conhecer gente, deixar o tempo passar e torcer para não morrer enquanto isso tudo se vai.

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