quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A verdade nua e crua

De fato, uma carta veio e outra foi. De fato, as duas fazem sangrar. De fato, há coisas que precisam ser ditas.
O grande problema é a crença na salvação e na condenação. Se a moral cristã não fosse tão doentia e se preocupasse mais com a vida, essa vida, talvez as coisas fossem mais fáceis.

Mas tudo tem que ser difícil. As pessoas precisam impor o que julgam a verdade, o que julgam o certo. Não aceitam a diferença. Não aceitam que os outros façam escolhas diferentes, que sigam caminhos diferentes.

Na carta, estava escrito que era por amor. Por amor? Esse amor não passa de uma grande vaidade, um grande egoísmo... Esse amor me sufoca, me machuca. Esse amor me oprime.


Percebi algo diferente em mim, uma mudança. Nos dias que se seguiram ao recebimento da carta, minha raiva estava mais forte, mais evidente, mais aflorada. Diante daquelas palavras, algo que estava dentro de mim começava a gritar mais forte do que nunca, lutando para sair. Algo que estava ali, latente, porém muito forte e perigoso. Um poder de destruir tudo à minha volta e a mim mesmo. Acho que canalizei a raiva de modo adequado: escrever outra carta. Passei para as palavras todo ódio, toda revolta. Coloquei para fora aquilo que pedia para sair, aquilo que reivindicava sua importância. Aquilo que me fazia mal. E agora me sinto melhor.

Mas algumas vezes as lágrimas insistem em aparecer. Agora o que sinto é rejeição.

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