sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Profundezas

É noite. A barca se move, iniciando sua viagem. Desligado em meus pensamentos, não percebo quando a Baía se apresenta. Apóio-me na janela e a vejo. A lua cheia deixa seu rastro sobre as águas; parece uma piscina gigante. Passam aviões. Ao longe, a ponte. À direita, duas bases petrolíferas, tão pequenas, tão insignificantes. Volto o olhar para toda a imensidão daquelas águas negras e contemplo sua beleza assustadora. Imagino se caio ali. Posso me afogar, posso morrer de frio, ou quem sabe o que tem ali, debaixo daquela escuridão. Sinto medo. Mas é um medo bonito, divertido.
O céu não consegue ser tão grande e tão negro como essas águas. Aquele mundo se move como se estivesse vivo; um grande lençol escuro dançando com o vento. Num certo ar de temor e admiração, ouço as águas negras da Baía me dizerem suave e lentamente o nome da morte.

Isso que eu sinto é... amor?

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