sexta-feira, 16 de abril de 2010

Os verdadeiros monstros


Era madrugada, o sono não vinha e eu resolvi ver uns vídeos no Youtube. Como diz o velho ditado, mente vazia é morada do diabo. Ao invés de ler Foucault (o que tornaria minhas horas de sono perdidas nem tão perdidas), resolvi assistir alguns vídeos do patético Sr. Silas Malafaia.
Talvez ‘patético’ seja uma palavra inadequada para descrevê-lo. Entendo uma pessoa patética como alguém que não merece e nem é levado a sério. Malafaia, ao contrário, é muito levado a sério. As atrocidades que ele faz e diz são levadas a sério. Aplaudidas. Respeitadas e reproduzidas. Uma verdadeira exaltação a um nazismo dito cristão.
Num debate sobre a lei que criminaliza a homofobia, Malafaia faz uso de argumentos pretensiosamente científicos, muito bem manipulados, de forma a esconder um embasamento puramente ideológico (religioso) e moral, aliás, moralista. Faz uso de uma imagem deturpada dos homossexuais para desqualificá-los como portadores de direitos civis e ainda faz a ridícula afirmação de que essa minoria não merece atenção do Estado uma vez que há outras pessoas que precisam de ‘mais’ atenção. O pastor e psicólogo (que lástima; onde está o Conselho Federal de Psicologia?) se refere sempre aos homossexuais como “eles”, inicia frases com “eles querem” ou “eles pretendem”, algumas vezes usa as palavras “segredo”, “disfarçado” e “sutil”: é a clara paranóia cristão-evangélica fundamentalista, de que todos os homossexuais do mundo estão unidos, conspirando contra o mundo heterossexual, planejando destruir a espécie humana. Sim, é nessa baboseira que muitos acreditam.
Na visão de algumas pessoas, representadas pela figura de líderes religiosos como Malafaia, os homossexuais querem “super-direitos”, como se querer casar e ter filhos não o fossem para os heterossexuais. Malafaia defende que os homossexuais ou, de maneira geral, os LGBT’s, não merecem esses direitos, com base na crença de que eles são uma ameaça. Claro que, como disse anteriormente, a questão principal não é a ameaça à família ou qualquer outra coisa, mas sim que ‘homossexualismo é pecado’. No fundo de tudo isso, de todo esse ódio que não se reconhece como ódio, de toda essa campanha, essa guerra, esse movimento nazista cristão, está uma crença, um modo de pensar que pretende se impor (e se impõe) como único e legítimo. O preconceito da sociedade se torna um grande aliado. E para que esse ódio não seja revelado, ele se mascara de amor, santidade e até de democracia. Malafaia acredita que é democracia fazer o que faz. Ele é um monstro.
Precisamos despir o véu de santidade e bondade desses discursos. O que líderes como Malafaia fazem é pura crueldade.

Eu tenho uma hipótese a respeito da religião evangélica e seus líderes. Os grandes líderes, os chefes dos grandes ministérios evangélicos, como Silas Malafaia, Edir Macedo, entre outros, são os ‘menos cristãos’ entre seu povo. Acredito que, ironicamente, os grandes líderes são os grandes falsos, os grandes hipócritas, os que menos seguem ou respeitam as leis ditas sagradas. Macedo, por exemplo, é um homem muitíssimo inteligente (todos eles são); não é possível que esses grandes líderes não conheçam as contradições e erros da bíblia. Não é possível que eles não saibam e não entendam como a bíblia pode ser utilizada, por exemplo, para subjugar mulheres, negros e até crianças. Não é possível que eles não reconheçam na bíblia um enorme poder de destruição. É a partir daí que acredito que, por trás dessa ‘fé’, está o desejo de exercer poder. Um poder que enriquece. A Central Gospel do Brasil, empresa de Malafaia, é uma das que mais crescem no ramo. A Igreja Universal do Reino de Deus, fundada por Macedo, e o vasto império em torno dessa instituição, representam hoje uma potência econômica. Acredito que essa seja a verdadeira conspiração: não parece haver o uso, por parte de algumas pessoas muito inteligentes e sem escrúpulos, de um ódio que se baseia na ignorância das massas e de um livro que, além de fonte de riqueza, é uma excelente ferramenta de dominação e controle?

Nenhum comentário:

Postar um comentário