Eu reparei que não apareci em nenhuma foto. Nenhuma. Não foi erro ou maldade de quem organizou as fotos, eu realmente não saí em nenhuma. Essas lembranças fazem parte de mim; mas, sem fotos, é como se essas lembranças não fossem minhas, ou como se elas não existissem. Eu passei por aquela escola, por aquelas pessoas, por aquelas salas e corredores e não deixei nenhum registro disso. Diante dessa evidência, a morte vazia voltou a me assombrar.
Eu fiquei feliz por lembrar o passado, por lembrar tudo... Mas, da mesma forma que o passado me traz alegria, ele me traz dor. Por que não houve o registro de minha pessoa? Eu sei por quê. Eu estava tão escondido de tudo, de todos e de mim mesmo... Estava tão oprimido, tão perdido. Eu estava condenado. Se eu tivesse, naquela época, a cabeça que tenho agora... Se tivesse não a maturidade, mas a consciência, de que tudo poderia ser diferente, talvez eu tivesse mais coisas boas para me lembrar, e me lembraria sem dor, me sentiria apenas nostálgico.
Tudo poderia ter sido diferente... Mas agora só me restam o passado com sua dor e a tentativa de tornar o presente e o futuro um pouco melhores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário