sexta-feira, 23 de abril de 2010

Quanto tempo, quanta alegria, quanta dor

Criaram um perfil, no Orkut, da escola onde fiz o Ensino Médio, com fotos de várias turmas, de diferentes épocas. Vi antigos colegas de sala, antigos professores, os lugares, as festas, os eventos... Tantas lembranças me vieram à cabeça. Tanta coisa que seria impossível contar aqui, mas que, paradoxalmente, parecem comprimidas em um único dia. Todo esse passado me aparece como um dia divertido, que se foi.
Eu reparei que não apareci em nenhuma foto. Nenhuma. Não foi erro ou maldade de quem organizou as fotos, eu realmente não saí em nenhuma. Essas lembranças fazem parte de mim; mas, sem fotos, é como se essas lembranças não fossem minhas, ou como se elas não existissem. Eu passei por aquela escola, por aquelas pessoas, por aquelas salas e corredores e não deixei nenhum registro disso. Diante dessa evidência, a morte vazia voltou a me assombrar.
Eu fiquei feliz por lembrar o passado, por lembrar tudo... Mas, da mesma forma que o passado me traz alegria, ele me traz dor. Por que não houve o registro de minha pessoa? Eu sei por quê. Eu estava tão escondido de tudo, de todos e de mim mesmo... Estava tão oprimido, tão perdido. Eu estava condenado. Se eu tivesse, naquela época, a cabeça que tenho agora... Se tivesse não a maturidade, mas a consciência, de que tudo poderia ser diferente, talvez eu tivesse mais coisas boas para me lembrar, e me lembraria sem dor, me sentiria apenas nostálgico.
Tudo poderia ter sido diferente... Mas agora só me restam o passado com sua dor e a tentativa de tornar o presente e o futuro um pouco melhores.

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